Onde limite é a virgula e não o ponto.


Sonhadoramente

15/09/2013 08:09

 

Tic-tac... Tic-Tac...

Na cama estou deitada

Passada a hora de dormir

Tempestuoso é o tempo lá fora

As nuvens cinzentas suam

Imagino eu, aqui dentro...

Gotículas com cheiro de mar

Ondas de calor

Sinto-me angustiada, dormente

 

Tic-tac... Tic-Tac...

O nervo vago me aprisiona,

Entre lençóis úmidos e febris

Que enxugam incessantemente

As memórias prementes suadas

Da assustadora mente irrequieta

Do pulso cardíaco em prelúdio

Indícios do fim da gestação,

Da mudança de uma estação

 

Tic-tac... Tic-Tac...

Quando desperta dor alarma,

Toda época para

No coração que dispara

O sino da amígdala no templo

Em solteira badalada

Embala-me nos braços de Morfeu

Despertando sonhadoramente

Libertando o corpo do tempo

 

E no silêncio da acústica mente

Vibra o solitário som do eu

Nesta noite que me vara

Sinto raios da alma

Eletrocutando meu corpo

Acordando meu Anjo

Acolhendo-me em um brilho fremente,

Candidamente tomada

Ingenuamente levada

 

Há encontro veemente

Amigo alado ao meu lado

Sorri fantasias em voo velado

Inspirando as cinzas do meu outono

Expirando as cores da primavera

Respirando mistérios dos aromas primeiros

Soprando um vir através da semente

Mente que docemente germina

Caminha... Sonha...

 

Foi acamada na escuridão 

Entre as mortalhas molhadas de outono

Com o sudário cobrindo os olhos

Alimentando-me da febre clemente

O tocar do sino de Belém  

A sina que fez abrir-me a janela

Alimentou a luz das minhas estrelas

E me iluminou...

 

Junto ao Anjo eletricamente ligada

Ciclicamente viajamos 

Voamos elipses entre o negrume e o clarão...

Refazendo-me das cinzas

Eu sonhei novamente

Em arcos, tocando amores primaveris

Em íris, colorindo um jardim florido

Lavanda a alma investida

Irmãmente ligada ao corpo e ao espírito...

 

 

Texto: Maurício Gervazoni

Imagem: https: Google Images

 

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