Onde limite é a virgula e não o ponto.
Pontuações
27/07/2013 13:11E nasce um poema...
Surge sem ponto inicial,
Urge necessário a preencher vazios,
Pautado em palavras e pontuações,
Em arranjo sinfônico, ritmado...
As letras dispostas são anagramas,
Decifráveis sutilmente pela elegância de sinais gráficos,
Alegorias que pontuam e expressam o indizível...
O ponto e vírgula; um lascivo piscar de olhos,
O namorado, a cortejar a menina:
-Vamos à dança?
Dois pontos, os olhos atentos do pai:
-Com ele não!
O travessão uma plataforma para soltar o verbo,
De onde o sujeito salta e mergulha a vontade:
-Veja-me mãe!
Reticências são reminiscências de um amor...
Três pontos contíguos de contínuas e saudosas lágrimas:
-Sinto muito...
Exclamação é grito da alma aos céus!
-Ouça-me Deus!
Os parênteses são símbolos do teatro da vida
(comédia e drama)
Abrem-se quando a emoção chega
(triste ou feliz)
Aspas, pequeninas vespas,
A proteger o ninho das ideias,
Prontos a “ferroar” que estão estes cupidos:
-“Eu te amo”
E o que é a interrogação? Se não um círculo incompleto?
É caminho a seguir?
É percorrer sem nunca chegar?
É induzir ao erro o detentor da resposta?
Uma inflexão, quem sabe?
Ah! Sim...
E a minha querida vírgula!
Esta, o maior dos pleonasmos,
Na lacuna deixada, situa a sinuosa,
Enlaçando as palavras em versos...
É por suas pausas que ficamos sem fala,
A muda entonação...
É toda emoção contida,
E não existe eloquência maior...
Virgulando,
O cavalheiro faz sua reverência,
O artista movimenta o pincel,
O maestro a batuta,
E o menino poeta escorrega a dor,
E o que seria de mim?
Sem escorregar em ti?
Permita-me então,
Mais uma vez,
Levantar meus braços,
E descer em teu seio...
E neste passeio,
Eu me encontro,
Abraço minha alma,
E posso finalmente chorar vida...
Tenho esperança em ti querida,
E enquanto esperançoso,
A vida continuará,
Emanará em novas canções,
Nas delícias de tuas curvas...
Em intermináveis voltas...
Pois existe alegria nas idas e vindas...
Lembranças do menino em mim,
Pois que se não tivesse ","
Só me restaria o ponto final.
Foto: https://poesiavisualsilvio.blogspot.com.br/
Texto: Maurício Gervazoni
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