Onde limite é a virgula e não o ponto.
Poça
25/10/2015 10:38Poça
do ovo esqueci
a luz da gema
bem depois,
acho que nadava
nada
corria
caudalosa era a cauda
sei que
lá em baixo
lá na superfície
não me ouvia
não enxergava
sequer sabia
mas sentia
a escuridão tateava
ou a melancolia precisava
todo dia
algo me ia
partia-me
milhas corria
na água parada
lembro,
tive irmãos
aos milhares
como eu
sombras no breu
como eu
sêmens negros
com vontade de verbo
uns mais
outros se foram
eu não
fertilizei o ar
engravidei o céu
e nasci de mim
fiz pulmões
alarguei boca
estiquei braços
chutei pernas
saltei no lodo
alarguei a boca
para linguajar na mosca
rimar no rio
coaxar poesia.
Maurício de Carvalho Gervazoni
Imagem: Google
Mais:https://www.sem-fronteiras.net/news/filhos-d%C2%B4agua/
—————