Onde limite é a virgula e não o ponto.
Meu jardim
29/04/2013 19:43Coragem me falta
Coragem tenho
Para me virar do avesso e descobrir do que sou feito
O que constitui, já tarda em ser apenas uma imagem no espelho
E nela não me reconheço mais
O pensamento, enclausurado no casco
A imaginação, limitada a um reflexo,
Anseia...
Liberte-se!
Mas como é dolorido este parto
Faltem-me então os ouvidos!
Assim deixo de escutar o que clama nas entranhas
As palavras então gritadas ou sussurradas me deixaram em paz
Estarei neste momento escondido entre lençóis e cobertores
Confortável e em sono profundo
Como é natural a quem como eu,
Recusa-se a crescer
Lembranças da crisálida...
Mas não ficarei em paz,
Pois que não são as palavras e sim seu significado
Que latejam
Como é dolorido o parto
Que cegueira é esta, em que os olhos só vêem aquilo que chega até eles
Imagens que anestesiam a vontade e me tornam espectador
Enxergo a luz que emana em mim,
Toda a vez que as pálpebras se deitam
Sinto aquele que pulsa, toda vez que estão cerradas
Sinto um pulsar
Mais forte, mais rápido!
Que cora em vermelho o coração
Mais forte, mais rápido!
Que urgência é esta que clama?
Reclama, pulsa!
Pois o que esta fora não me convence
Posso mais o que quiseram que eu fosse
O que achava que era, quer ficar
Se recusa a abandonar-me
E o novo lateja,
Reclama, pulsa !
Basta !
Se coragem eu posso em viver, nascerei
Quantas vezes for
Renovarei meu jardim
Plantarei novas flores onde as antigas deixam de ser
Flores como idéias esvanescem
Extinguisem quando não fazem mais sentido
Arrancarei aquilo que foi
Cultivarei rosas, lirios, petunias e violetas
Meu jardim desabrochará em aromas diversos
Cada flor a seu tempo transformará a paisagem
Renovará a vida em mim
E quando não fizerem mais sentido
Cultivar-me-ei renascendo
Texto: Maurício de Carvalho
Imagem: Google Images
Curtiu? Curta: https://www.facebook.com/poesiassemfronteiras
—————