Onde limite é a virgula e não o ponto.
Doce docente
04/08/2013 10:45
Antes mesmo de dar-se, palpitei...
Exótica foi a sensação
Antevi o inusitado encontro;
Um “déjà vi” de outra vida...
Desenrolou-se no pátio da escola,
No primeiro dia do dia primeiro
Jogávamos todos “pique-esconde”,
A infância querida prestes a terminar...
Havia inebriante aroma pairando no ar,
Das pipocas da cantina,
Do cítrico sumo da laranja,
Do suor doce dos ingênuos...
Todos reconhecíveis
Menos o seu...
Foi cessando a corrida que o meu coração acelerou,
A ponto de querer parar...
Passos misteriosos ecoavam na brisa...
Dos pesados pés do bedel,
Do disparate dos meninos
Do meu descompasso...
Todos reconhecíveis
Menos o seu
Rompe que estava ao meu lado a chamar a meninada,
A voz tênue, terna e melodiosa,
Harmonizava minha orquestra
O rosto, leite angelical...
Os olhos, amendoados...
Os cabelos trama negra,
Meu drama iniciado...
Sons que as outras crianças abafaram...
Tons da paixão imberbe que um dia tive...
Algo amanheceu em mim naquele dia
Enquanto o por do sol escurecia minha inocência...
Repentinamente me senti só no mundo
Senti tudo junto, tudo misturado...
O aroma lavanda, pele, morango, leite azedo, cheiro de mulher...
Teus passos, saltos dos sapatos, delicados pés, pernas descobertas...
Descoberta imagina-la nua...
Abalei-me com sua imagem
Vidrei como em fotografia
Na perfeita moldura em forma de coração
Guardo até hoje, vívida recordação...
Viva no relicário dos meus sonhos
Que visito desde então...
Meu retrato estático foi pura ilusão;
Estética minha da sua ilustração...
Meu corpo e minha alma eram puro frenesi;
Fascínio que tive quando te vi...
Mal sabia...
Aconteceu no ano em que nunca foi minha;
Amada professorinha...
Texto: Maurício Gervazoni
Photo: Google Images
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