Onde limite é a virgula e não o ponto.
<< 8 >>
24/10/2013 06:34
Não consigo mais abrir a porta do dia
Mesmo que o sol lustre meu corpo
E na fresta da janela aqueça a tragédia
Estou interrompida entretempo
Carrego o féretro de teu sorriso
Inumado em vívidas memórias
De quando éramos apenas duas almas...
Pena que agora estas no Paraíso
E eu penada, parada na vida
Cercada por muitos
Cerceada de companhia
Limitada a prosódia em versos
Que faço sempre tristes
Pois com teu sujeito enterrado
Só restou-me eleger-te o predicado dantes
Ah! E como sou prejudicada por teus adjetivos...
Sinto muito que roubei meu futuro
E sepultei um presente, amante
Em escolha passada, malfadada
Ah! Dia que o anjo veio á foice
Foi-se meu fio-de-prumo...
Que casa eu posso construir agora?
Nenhuma em que queira habitar
Há alguma que valha sem meu amo?
Justiça seja feita
Pois que maltratados somos todos...
Justos e injustos
Morando alvenaria ou palafita
E o sono é sonho não consumado
Um desejoso ninar que devaneio
Os meus todos estão desfeitos
Pelos vestígios das lembranças que não permiti...
E não consigo mais dormir o oito
Ascender contigo em astral infinito
No infinitivo amar, para amares tu
Reside meu lar, onde nós moramos
E estes desatinos são muitos
Mas o destino é um só, pó...
A esvair-se na ampulheta do vento
Uma assombrosa dúvida:
Será que estarias vivo...
Se tivesse a tempo te escolhido?
A meu templo acolhido?
Será?
Não consigo mais abrir a porta do dia
Mesmo que da janela pintassilgos me assoviem
Colorida tinta na fresta dos ouvidos
Resta que jamais estarei lá, a desejar-me um bom-dia...
Texto: Maurício Gervazoni
Imagen: Google Images
Curtiu?Curta:https://www.facebook.com/poesiassemfronteiras
—————