Onde limite é a virgula e não o ponto.


Lógica do Absurdo ou Beba-me

16/10/2013 21:34

 

“Mas os poços da fantasia acabam sempre por secar e o contador de estórias cansado, tentou escapar como podia: o resto amanha... Já é amanha”

(Lewis Carrol)

 

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Caíste em minha toca

Em refugiado País que te deixei

Há lembrança eterna de um segundo

Há relembrança troça de quando cai em mim

 

Abri a loca a picareta, cavando fundo

Meu além-mundo veemente

Nos cafundós de ti em que me acho

Encontro mil maravilhas novamente

 

Chapeleiro a garimpar pedra preciosa

Cavando rocha calada consoante a vogais

O surdo silêncio violado nas batidas da pá cardíaca

No falatório escondido há muda ponte saudosa

 

Minha querida Alice tombada

Meu patrimônio de inglória estória

Ária que registrei em pinturas rupestres

Na caverna passada, és joia incrustada

 

Lembro teu sorriso minguante

Igual ao da Lua foi lindo diamante

No anel que dei e fez-te rir o gato

Meus olhos chagas insanas a florir

 

Em tuas mãos presente dei

A palavra deixada por algum anjo

Que fiz da luz decaída esmeralda

Aliciando-te em verde verbo, Alice

 

Propus, e bebeste do meu Graal

E titubeaste em nosso casamento...

Meu cálice sangrou pus dourado

E desde então não fico mais calado...

 

E cada respiração é um suspiro

Do sangue fenecendo no baço

Em espera perpétua por um abraço

Depositando declarações no canteiro do vento

 

Emolumento de folhas amassadas

Cartas de tua pátria que jamais verás

Que ninguém leia, declamo

Que tu não ouça, te amo

 

Profetizo que ao mais sentes...

Pois magnetizo tal gravidade desta situação

E na abstração de ametistas imaginadas

Deitamos entrementes no interior de quartzo rubro

 

Esmerando-me em frases

As maravilhas das pedras preciosas

Lúcidas e insensatas

Mergulhadas em mim entre parênteses

 

Lógico que é ilusão

Meu pensamento maluco

Permeando o teu louco

Lógica que é ilusão

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Texto: Maurício Gervazoni

Imagem: https://verdadesparticulares.wordpress.com/tag/vestido/

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