Onde limite é a virgula e não o ponto.
Ausentes
06/08/2014 07:37Ausentes
Como posso eu não estar assim?
Como ser, sentindo tanta falta de mim?
A morada para trás deixada
Pela minha apartada alma amurada
E a campainha gritou-me mas não estou em casa
Havia saído-me sem companhia
Sem passos
Sem traços
As memórias de ti secando ao varal
Deixadas dependuradas, encharcadas pelo pranto
Lavadas lembranças pela noite a dentro
E o sabão nas roupas, secando em pó de sal
E a ladainha continua a bater na entrada
Quer voltar ela; aquela alma danada
Sem sombra de duvida
Está ela assombrada pela partida...
Longe de mim atender a porta
E receber esta presença que palpita
Que exige de mim, o que não tenho
Sempre que de ti me abstenho...
Se ao menos em teus olhos estivesse
Houvesse este dia... Enxergaria-me melhor
Porque neles eu brilharia estrelas
Encontraria a via láctea até mim novamente...
Em ti, me veria
Reaveria em mim
O que um dia fui ser (teu)
Antes do nosso fim...
Tu foste...
Minha alma namorada também deixou-me
Foi embora, tu roubaste pelos olhos
Não fiquei então... A casa vazia... A roupa molhada
Texto: Maurício de Carvalho Gervazoni
Imagem: Google Images
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