Onde limite é a virgula e não o ponto.
Amigos
05/12/2014 14:02Amigos
no shopping
a vitrine da loja está cheia de amigos
estou cheio deles
esquálidos manequins
vestidos da moda
uniformes em exército sem rosto
face a face
á arte do disfarce
no escritório as baias estão cheias de amigos
estou cheio deles
destas vozes sem vocês
enclausuradas nos PCS
digitando letras sem poesia
em teclados sem música
mentindo em telefones sem fio
cem chamadas, sem fim
- o ar condicionado ao meio -
esse vento viciado
viciando vidas
sem entrada, nem saída
respirando baias quadrúpedes
no boteco
a mesa está cheia de amigos
estou cheio deles
das conversas aquecidas
logo esquecidas
das liquidas risadas
afagando bocas sufocadas
pelas rimas pobres derramadas
afogando olhos torpes
marejados em água-ardente.
e lágrimas caem aos goles,
inflamando roucas vozes.
as flamejantes palavras,
queimam na garganta.
o refluxo das letras,
proclamam exílio de si.
minha casa
está cheia de amigos
estou cheio deles
estou cheio dela
resta o shopping.
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