Onde limite é a virgula e não o ponto.
Afloramento
01/10/2014 07:58Afloramento
Nasci doce desejando sal
Emergi das profundezas
Brotei em terra tenra...
Macia, molhada, morna.
Urgi afrodisíaca
Aninhada em voluptuosa montanha
Olho d´água de botão rosa
Primícias em córregos rasos
Mergulhando sede de rio
Vontade de chegar a mar
Braços deslizantes às encostas
Confluindo em busca de ti
Água sedenta margeando o monte
Água visguenta escorrendo na relva
Água alecrim contornando relevo
Água lustre de casta seiva lasciva
Vou, avolumo,
Volumando a vontade nos afluentes
Crescendo, subindo, descendo
Desço forte as encostas
Como corredeiras que voo
Lambendo a terra
Esfrego, torço, retorço
Recortando a pele do mundo
Por pura gana de mar.
E dentro da terra, erodo cordilheiras
E fora de ti, caudaloso, gemo
E no ápice de nós
Gritamos catarata, cachoeira.
É no pico do mundo,
Que jorramos em saltos
Suando em bicas.
Despejo fome
Engulo toda lagoa
Alago doce água .
O prazer descansa
O regaço regato, acalma
O vapor de nós sobe
Some no azul celeste
E reaparece
Orvalhando nuvens
Pintando a paisagem de branco
Rio para ti no leito
Minha água na boca
Desembocando beijo
Na foz de ti o mar
Há mar no sal do teu rosto
Rio de encontro à lágrima feliz...
Texto: Maurício de Carvalho Gervazoni
Mais: https://www.sem-fronteiras.net/news/rastros-de-rimas/
—————