Onde limite é a virgula e não o ponto.
"Louquidão" Amiga do Peito
10/01/2014 20:05Oh! Mente inquieta
A beber no cálice tinto da solidão, a triste "louquidão" poeta...
E quanto mais nítido d'alma estou, mais louco e só eu sou...
E não tem recinto que me acomode,
sem que mil pensamentos me incomodem
São estas abelhas espremidas...
Espíritos a zunir nos ouvidos
Por Deus! Que me libertem,
expressando-se já!
Ides esvoaçar noutro lugar...
Ides a zumbir dentro daqueles Zumbis...
Espetando-lhes as palavras em ferroadas
Dando-lhes de beber mel d'alma em petardos
São meus doces venenos os versos,
desferidos tóxicos em soros e vacinas
Para curar os doentes e feridos
Para acordar os mortos-vivos do mundo,
amorfos, cegos e surdos...
Pois que é de ouro espinhoso
A coroa que me reveste a fronte
Minha dádiva hereditária...
Que pesa a cabeça e enverga o tronco
Um dom maldito esta percepção frenética...
E a meditação que causa-me enxaqueca
Obrigam-me a considerar sobre o que eu não entendo
As coisas várias e as avarias das coisas,
tudo e todos...
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Se dizem gente aqueles “Avatares”...
Conheço aves que assoviam Mozart...
As Jubartes quando ninguém vê, dançam entre nuvens a luz do luar...
Há fome de vida e há de pão... faz-me falta a companhia de um irmão...
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"Louquidão" minha melhor amiga,
meu declínio derradeiro, a incompreensão...
Fui sempre o que me tornei?
Só... um pensador .... louco?
Rouco por soprar trovas ao ar...
No cume é onde ecoam minhas lufadas
Porque não me escutam?
Talvez eu saiba...
A multidão que sobrevive esta ao sopé do vento
Sob os pés pastores de anjos e demônios...
Famigerada é a vastidão de suas crenças...
É doído pensar assim... doido...
E pesa-me esta consciência sem horas vagas
E pouco importa onde esteja, o que faça...
Trêmulo, já não percebo mais a residência
Esvaíram-se no ar a pele e os músculos
Sobraram-me somente os ossos do ofício...
Assombrando-me...
Peno só de pensar...
Quantos morrerão penadas almas...
Ah! As vezes me faz falta a sepultada inocência...
De quando era homem e ignorava o menino
Meu corpo dormente,
somente instrumento de labor
O zum, zum, zum das abelhas, canção de amor
Os passarinhos no ar planavam seus assovios
E as baleias no mar nadavam a sós,
longe de mim, qualquer discernimento...
E amigos iludidos como eu estavam
E meu amor resistia...
Em sarcófago de vidro dormia...
Alma branca de neve a hibernar...
O poeta não caminhava no homem
E o homem enevoado se entorpecia em brisas
As ideias escondidas na colmeia tinindo
Silenciosas... zoando baixinho... quietamente...
Maurício de Carvalho Gervazoni
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