Onde limite é a virgula e não o ponto.
Cova Rasa
22/04/2014 07:50Cova Rasa
Se irradio, não é para a luz ostentar
Muito menos à outras estrelas ofuscar
Reluzo pois me é inevitável o ouro pulsar
É no brilho puro do sol onde me garimpei
Nas venturas de auroras em que me esculpi rei...
E na peneira das mãos recolho a luz que coroei...
Nunca pensei em te prejudicar o verso
Nem sonhei que tinhas tanto ódio em teu anverso...
Que particularidade é esta?
O que faz de ti poço sem fundo?
Sugando as partículas de esperança que orbitam no mundo...
Que cobiçosa força invisível é aquela que reges?
Se nem és profundo... És só poça onde afundas vis desejos...
Um raso rio imoto; um sepulcro de invejosas lágrimas
E são as tuas próprias; jazidas desgostosas
Gotas secas pela falta que faz à ti mesmo...
E morres noite a noite pela gravidade, ermo buraco negro!
E na crescente distância da própria ausência
Queres desgraçar a minha presença
Planejando um dia a dia de morte por descrença...
Minha essência é filha do Éter...
É por isto que não sujeito meu brilho ao limbo
E me afasto de teus adjetivos aduladores...
Quero me livrar dos teus ensejos...
Estes beijos sussurrados soam-me devoradores...
Sei o que almejas... É apagar a lúcida inocência que me resta...
Pois que em ti o coração não pulsa mais
Não poderás mais alvorecer como igual... jamais!
Então o que fazes é mitigar, mastigar e engolir...
Afogando em cova rasa a luz de todo amor da vontade alheia
Apagando no recôndito de tua poça... qualquer sinal de vida que possas...
Texto: Maurício de Carvalho Gervazoni
Imagem: Google Images
Mais de Mim: https://www.sem-fronteiras.net/news/equa%C3%A7%C3%A3o-de-primeiro-grau/
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