Onde limite é a virgula e não o ponto.


Anjo

07/05/2015 06:54

Anjo

O que passou 
É eco em gaiola 
É canto esquecido
Em canto distante 
Recanto cantante

Na parede rachada 
Dependurei em prego
Memória passada
Emoldurada passarinho 

 

Dias em que ortografei asa.

O que pássaro hoje
Só sonho rasante
Somente

Semente

Tão perto do gosto
Quanto longe do bico

 

Que molho
 

Doces revoadas

Palavras

Alçadas de ilusão 
Melosas melodias sobrevôo 

Nesse dia a dia 
Rabisco

O que passo a passo 
Não voa mais.

 

A pena que escrevo

Da pena 
Depenei poema

Da vida

Não vôo mais

Não vou mais

 

Dentro do ovo

O novo

A casca algema

A lembrança vento 

Intento

 

De quando o vermelho 
Tinha tinta
No oco aéreo dos ossos
 

Dias em que ortografei asa.

 

Voar, nunca mais alcancei

Não mais sei

Traçar Anjo na nuvem.

 
Maurício de Carvalho Gervazoni
 
 
Imagem: Google Images
Mais: https://www.sem-fronteiras.net/news/via-de-acesso/

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